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segunda-feira, 29 de abril de 2013
ESTRANGEIRISMO - Entenda os argumentos a favor e contra o uso de estrangeiros - O USO DOS ESTRANGEIRISMOS - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Entenda os argumentos a favor e contra o uso de estrangeiros
O USO DOS ESTRANGEIRISMOS
Quando o assunto são os estrangeirismos, é briga na certa. Metade a favor, metade contra.
Como eu mesmo já disse várias vezes, é muito difícil ser moderado nesta terra. Consegue-se desagradar aos dois lados.
Os puristas radicais querem que eu assuma uma posição mais firme contra a invasão de termos ingleses. Chegam a propor leis como a que existe na França, que proíbe o uso de termos estrangeiros.
No outro extremo, estão aqueles que “topam tudo”, que adoram um atendimento VIP, assistir a um talk show, ver o replay da jogada, dar um clik, fazer um check-up, ser um bad boy ou talvez um gay, sugerir um brainstorm, pedir um briefing, fazer um coffee break, sair para a night e ficar no maior love.
Uma leitora que é contra o uso excessivo dos anglicismos criou, com muita ironia, um convite cheio de palavras e expressões inglesas tão usuais entre nós.
Por falta de espaço, vou reproduzir apenas alguns trechos do texto:
“Faço um convite a todos que amam a língua portuguesa (…) passarmos um weekend juntos em qualquer point (…) na praia, sem topless (…) assistir a um jogo de beach soccer (…) beber um ice tea. (…) ler no jornal o que há de novo no setor de business ou ler a coluna de alguma socialite (…) e saber o que está in ou out no momento. Na hora do almoço, uma comidinha light, com um refrigerante diet (…) ao lavar as mãos, não esqueça que push é empurre (…) e na hora da conta pagar cash em vez de usar ticket. Após (…) no carro com air bag, parar num self service e aproveitar o oil express (…). Iremos a um shopping (…) assistiremos a um filme com happy end (…) comeremos um hot dog… Ao sairmos, devemos procurar por EXIT. Podemos também ir a uma livraria (…) comprar um best seller (…) ler numa revista especializada sobre os designers de novos carros (…) descobrir o hobby de um pop star (…) ou o show de algum cover…
Sei que será difícil, mas nada que um bom trabalho de marketing não resolva. Poderemos criar um poderoso slogan e um jingle bem divertido. Isso sem contar nos outdoors espalhados pelo país. All right?”
Não é preciso um esforço sobrenatural para comprovarmos a abusiva presença de palavras inglesas na nossa linguagem cotidiana. Algumas são inevitáveis e consagradas como topless, show e marketing. A maioria, entretanto, é puro modismo.
Impossível é criar uma regra. É muito subjetivo. Que palavras ou expressões estrangeiras são aceitáveis? Quais devem ser traduzidas? Play off ou “melhor de três” ou “fase decisiva” ou “mata-mata”? Shopping ou centro comercial? Know how ou “conhecimento”? Topless ou “???”? E quais devem ser aportuguesadas? Black out ou blecaute? Layout ou leiaute? Stress ou estresse? Air bag ou “erbegue”? On-line ou “onlaine”?
Não vejo uma solução definitiva. É briga na certa.
Por isso tudo, mantenho a minha posição moderada. Nada de radicalismos. Cada caso merece uma análise individual.
Em geral adoto o seguinte critério: 1o) se for possível, a tradução: futebol de areia (beach soccer), autoatendimento (self service); 2o) se for possível, o aportuguesamento: blecaute, estresse; 3o) se não for possível traduzir nem aportuguesar, a palavra estrangeira é bem-vinda: dumping, ranking, software, marketing…
BIFÊ ou BUFÊ?
A língua francesa forneceu um grande número de palavras à língua portuguesa. A maioria já foi devidamente aportuguesada. Assim, a palavra francesa buffet foi aportuguesada para bufê (= escreve-se com “u” pronunciado como “u” mesmo).
A realidade, porém, é que no Brasil existe uma incontestável preferência pela forma original francesa: buffet. Será que temos aqui algum tipo de preconceito? Do tipo BUFÊ é coisa de pobre? Espero que não.
Vejamos outras palavras francesas que já foram aportuguesadas: avalancha, boate, batom, buquê, balé, cabina, camionete ou camioneta, chassi, chique, conhaque, guidom ou guidão, marrom, vermute…
DESINTERIA ou DESENTERIA ou DISENTERIA?
Carta do leitor: “Navegando pela sua página, observei um pequeno equívoco. Assim está escrito: ERRADO: ‘Estava com desinteria’. CERTO: ‘estava com desenteria’. Não seria disenteria?”
O nosso leitor está certíssimo. O mau funcionamento dos intestinos, a inflamação intestinal é DISENTERIA.
O prefixo “dis” significa “dificuldade, mau funcionamento”. É o mesmo que aparece em DISFAGIA (=dificuldade na deglutição, para comer); DISPEPSIA (=dificuldade de digerir, na digestão); DISLALIA (=dificuldade na fala, na dicção); DISPNEIA (=dificuldade na respiração); DISRITMIA (=distúrbio de ritmo)…
É importante lembrar que o estudo do intestino e das suas funções é a ENTEROLOGIA (do grego énteron = interior, intestino). Daí o famoso o enteroviofórmio, aquele “remedinho” de tristes lembranças.
MADRUGADA DE DOMINGO ou DE SÁBADO PARA DOMINGO?
É comum ouvirmos: “O jogo será na madrugada de sábado para domingo.”
Rigorosamente não existe madrugada de sábado para domingo.
Basta dizer: “O jogo será na madrugada de domingo.” Madrugada é o intervalo de tempo correspondente às últimas horas da noite, antes do nascer do Sol (=entre a meia-noite e, aproximadamente, as 6h da manhã).
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O que é certo e o que é errado no português - Dicionário - Grafia - Neologismos - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
A complexa tarefa de decidir o que é certo e o que é errado no português
A PALAVRA EXISTE OU NÃO?
Quem lê esta coluna com certa frequência bem sabe como detesto reduzir fatos linguísticos a discussões simplistas do tipo certo ou errado. Outro tipo de pergunta muito frequente é se uma determinada palavra existe ou não. E aqui temos um problema bem interessante para resolver.
A pergunta pode parecer boba, mas eu quero entender melhor o que significa uma palavra não existir. É a palavra que alguém inventa mas ninguém usa nem aparece registrada em nossos dicionários ou seria aquela palavra que muita gente usa embora não esteja no dicionário? Se a resposta for a segunda opção, estaremos diante de um novo problema: qual dicionário?
Sabemos muito bem que, para o brasileiro em geral, quando se fala em dicionário, só pode ser o Aurélio. Isso não significa que seja o único ou necessariamente o melhor. Estou apenas constatando um fato. Eu mesmo nesta coluna tenho citado outros dicionários: Houaiss, Michaelis, Larousse, Globo, Caldas Aulete, Ruth Rocha, Antenor Nascentes… Por uma questão de justiça e honestidade intelectual, outras fontes devem ser pesquisadas e citadas. A verdade, no entanto, é que, para a maioria, na hora da dúvida, quem decide é o Aurélio.
Por causa disso, quero deixar um alerta: cuidado com as novas edições do Aurélio! As últimas edições trazem algumas novidades.
Vejamos o exemplo do verbo penalizar.
Sempre ensinei, porque assim aprendi, que penalizado não era sinônimo de punido. Segundo o dicionário Michaelis, penalizar é “causar pena ou dó a, sentir grande pena, sobrecarregar de modo penoso”. Assim sendo, uma pessoa penalizada só poderia ser aquela “que sentia muita pena de alguém ou de alguma coisa”: “Ela ficou penalizada diante da miséria humana”.
Alguns leitores me alertaram para o novíssimo Aurélio. É verdade. Lá está: “penalizar. 1. Causar pena ou desgosto a (…) 2. Infligir pena a ‘O juiz penalizou o time’. (…)”. Se alguém não percebeu, eu explico: “infligir pena a” significa “aplicar pena” ou, em outras palavras, PUNIR.
O nosso grande Aurélio libera, portanto, o uso de penalizar como sinônimo de punir. Confesso que tenho um pouco de dificuldade. Afinal, foram tantos anos… Vou continuar penalizado pelo sofrimento de tantos brasileiros e revoltado porque muitos safados ainda não foram punidos.
Prometo, por outro lado, não mais criticar quem usar penalizado em vez de punido. Quando alguém disser que o jogador foi penalizado com cartão vermelho, juro que não direi nada. Só pensarei baixinho: que coisa horrorosa!
DISPONIBILIZAR ou TORNAR DISPONÍVEL?
Certa vez recebi um e-mail de um ex-aluno, na verdade um participante dos meus cursos de redação empresarial para executivos. Ele me deixou o seguinte recado: “…lembro bem o senhor ter nos ensinado que não deveríamos usar o verbo disponibilizar porque não existia em nossos dicionários (…) fiquei surpreso pois o novíssimo Aurélio registra o nosso “amado” disponibilizar. Que devemos fazer?”
O ex-aluno e agora leitor tem razão. Os meus leitores já sabiam disso, pois já escrevi sobre esse caso.
O curso de que fala o nosso leitor foi para Auditores da Qualidade. Já faz mais de dez anos.
Nos meus cursos, quando analiso o uso de neologismos, sempre faço algumas observações:
1a) nada impede que um neologismo que hoje não aparece em nossos dicionários venha a ser devidamente “dicionarizado” (foi o que aconteceu com o disponibilizar);
2a) o fato de uma palavra não estar registrada em nossos dicionários não significa que estejamos proibidos de usá-la.
É interessante lembrar o caso da palavra “não conformidade”, até hoje sem registro algum, nem no novíssimo Aurélio. O meu querido ex-aluno deve estar lembrado do que ensinei: “Como pode um auditor da qualidade escrever um relatório de não conformidades sem usar a palavra não conformidade? Tenho a certeza de que a palavra estará presente em futuras edições de nossos dicionários”.
Isso significa que não sou contrário a um neologismo pelo simples fato de ele não estar no dicionário. Continuo a favor do uso técnico da palavra “não conformidade” (=descumprimento de um requisito especificado), embora ainda não esteja registrada em nenhum dicionário.
Quanto ao disponibilizar, apesar de aparecer nas últimas edições dos nossos principais dicionários, continuo não gostando. É modismo e é usado exageradamente. Não posso, é claro, considerar erro o uso do verbo disponibilizar. Não só porque já está devidamente dicionarizado, mas principalmente porque sou contrário a essa história de certo ou errado.
Além do mais, você se referiu ao verbo como “amado disponibilizar”. Quem sou eu para atrapalhar essa relação tão bonita? Se eu era o estorvo, sinta-se liberado. Pode externar livremente os seus sentimentos e use o disponibilizar à vontade. Só não abuse: você pode ficar tão enjoado quanto eu.
DÚVIDAS DOS LEITORES
TACHA ou TAXA?
TACHAR ou TAXAR ou TACHEAR?
TACHATIVO ou TAXATIVO?
TACHA = espécie de prego; ou mancha, defeito moral; ou tacho grande;
TAXA = tributo; ou razão de juro;
TACHAR = acusar, censurar, pôr defeito em (“Ele foi tachado de corrupto”);
TAXAR = fixar ou determinar uma taxa, um tributo (“Estes serviços não serão taxados pelo governo”);
TACHEAR = pregar tachas (preguinhos) em (“É um sofá todo tacheado”);
TACHATIVO (não há registro em nossos dicionários);
TAXATIVO = que taxa, que limita; restritivo; definitivo (“O diretor foi taxativo ao afirmar que…”).
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Origem do modismo ‘a nível de’ e saiba como evitá-lo - ANTE AO EXPOSTO ou ANTE O EXPOSTO? - UM ÓCULOS ou UNS ÓCULOS? - EXOTÉRICO ou ESOTÉRICO? - Grafia - Modismos - Plural - Preposições - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Entenda a origem do modismo ‘a nível de’ e saiba como evitá-lo
A NÍVEL DE ou EM NÍVEL?
A expressão “a nível de” é um dos piores modismos criados nos últimos tempos. Além da preposição “a”, que deve ser substituída por “em”, somos obrigados a conviver com o maldito “nível” em situações absurdas, pois não há níveis: “A nível de debate…”; “…a nível de relatório…”; “…a nível de sentimento…”; “…a nível de espiritualidade…”.
É interessante observar que quem usa a expressão “a nível de” ainda faz pose: deve achar que está falando um português “belíssimo”.
A expressão EM NÍVEL DE é correta, mas só pode ser usada se houver “níveis”: “O problema só pode ser resolvido em nível de diretoria”; “A situação será analisada em nível federal”.
Quanto ao mar, é aceitável dizer “ao nível do mar” ou “no nível do mar”.
ANTE AO EXPOSTO ou ANTE O EXPOSTO?
Carta do leitor: “É comum em sentenças dos juízes usar a forma ‘ante ao exposto, julgo procedente a ação’. Os juízes portugueses também usam o ATÉ: ‘…até ao fim”. Já consultei um professor, e ele disse-me que o correto é ‘ante o exposto’. Segundo ele, é que não se pode usar duas preposições.”
Eu também não gosto de usar duas preposições: “ante ao exposto”, “até ao fim”, “para com”. “por entre”, “por sobre”…
O problema é usarmos o velho conceito de certo ou errado. A verdade é que, em Portugal, é frequente o uso de duas preposições: “ante ao exposto”, “ir até ao fim”. Não é, portanto, uma questão de estar errado. É, a meu ver, um problema de estilo, de uso.
Assim sendo, a minha preferência é:
“Ante o exposto, julgo procedente a ação”;
“Ele foi até o fim”;
“É preciso ter respeito pelo adversário” (em vez de ‘para com o adversário’);
“Passou a bola entre as pernas” (e não ‘por entre as pernas’);
“Chutou a bola sobre o travessão” (e não por sobre o travessão).
UM ÓCULOS ou UNS ÓCULOS?
Carta do leitor: “Pior do que dizer ‘um óculos’, que se ouve de conceituado show-man (perdão!) da televisão e equipa um médico em hospital dos Estados Unidos, é, penso, o abuso de expressões da língua inglesa, sem aspas, de permeio com outras tantas do nosso vernáculo.”
Li num bom jornal: “O médico coloca um capacete equipado com um óculos especial que …”
A palavra óculos só apresenta forma plural. É o mesmo caso de “núpcias, pêsames, parabéns…” O certo, portanto, é “…equipado com óculos especiais…”. Não se deve dizer “o óculos escuro quebrou”, e sim “os óculos escuros quebraram”.
EXOTÉRICO ou ESOTÉRICO?
Vejamos o que diz o dicionário “Aurélio”:
EXOTÉRICO: “Diz-se de ensinamento que, em escolas da antiguidade grega, era transmitido ao público sem restrição, dado o interesse generalizado que suscitava e a forma acessível em que podia ser exposto, por se tratar de ensinamento dialético, provável, verossímil.”
ESOTÉRICO: “Diz-se do ensinamento que, em escolas filosóficas da antiguidade grega, era reservado aos discípulos completamente instruídos; todo ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de ouvintes; compreensível apenas por poucos, obscuro, hermético.”
ESOTERISMO: “1. Doutrina ou atitude de espírito que preconiza que o ensinamento da verdade (científica, filosófica ou religiosa) deve reservar-se a número restrito de iniciados…; 2. Designação que abrange um complexo conjunto de doutrinas práticas e ensinamentos de teor religioso e espiritualista, em que se confundem influências de religiões orientais e ciências ocultas, associadas a técnicas terapêuticas, e que, supostamente, mobilizam energias não integrantes da ciência e que visam a iniciar o indivíduo no caminho do autoconhecimento, da paz espiritual, da sabedoria, da saúde, da imortalidade…”
Respondendo diretamente às perguntas dos leitores:
1o) Realmente existem as duas palavras. A diferença básica é que ESOTÉRICO refere-se a ensinamento para grupos restritos, e EXOTÉRICO para o público em geral, sem restrições.
DESAFIOS
1º) Qual é a forma correta?
a) A reunião será amanhã AS ou ÀS 8h ?
b) A reunião será A ou À partir das 8h ?
c) A reunião só começará após AS ou ÀS 8h ?
Respostas:
a) A reunião será amanhã às 8h;
b) A reunião será a partir das 8h;
c) A reunião só começará após as 8h.
2º) Se pousar na terra é aterrissar ou aterrizar, quero saber como seria:
a) pousar no mar;
b) pousar na Lua.
Respostas:
a) amerissar
b) alunissar.
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Diferenças entre palavras parecidas - Conserto x concerto - TAXAR x TACHAR - SESSÃO x SEÇÃO x CESSÃO - Grafia - Verbos - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Conserto x concerto: entenda as diferenças entre palavras parecidas
Esta coluna continua preocupada com o correto emprego das palavras. O assunto de hoje são as palavras homônimas homófonas (=iguais na pronúncia, diferentes na grafia e no significado) e as parônimas (=parecidas na forma e diferentes no significado).
Aqui estão os 15 casos mais citados pelos nossos leitores. Todos querem saber qual é diferença entre…
1) CONSERTO = correção, reparo – “Consertam-se sapatos”;
CONCERTO = sinfonia, harmonia – “O concerto será no Municipal”;
2) TAXAR = tributar, pôr uma taxa – “Estes serviços serão taxados”;
TACHAR = rotular, considerar – “Foi tachado de corrupto”;
3) SESSÃO = reunião – “Começou a sessão do júri”;
SEÇÃO = parte, divisão, departamento – “Está na seção de vendas”;
CESSÃO = ato de ceder – “Fez a cessão dos seus bens”;
4) CASSAR = anular – “Querem cassar o mandato do prefeito”;
CAÇAR = apanhar, pegar – “Querem caçar o animal”;
5) COZER = cozinhar – “Gosta de ovos cozidos”;
COSER = costurar – “Precisa coser a camisa rasgada”;
6) SERRAR = cortar – “Os galhos foram serrados”;
CERRAR = fechar – “Ficou com os olhos cerrados”;
7) INCIPIENTE = iniciante, o que está no início – “Era um projeto incipiente”;
INSIPIENTE = não sapiente, ignorante, sem sabedoria – “Era um argumento insipiente”;
8) RATIFICAR = confirmar – “O presidente vai ratificar a nossa decisão”;
RETIFICAR = corrigir – “É necessário retificar o seu erro”;
9) DESAPERCEBIDO = não apercebido, desprovido, desinformado – “Ficou desapercebido” ;
DESPERCEBIDO = não percebido, não observado – “O juiz passou despercebido”;
Alguns dicionários já consideram DESAPERCEBIDO sinônimo de DESPERCEBIDO (= não despercebido).
10) MANDATO = representação, poder de mando – “Cassaram o seu mandato”;
MANDADO = ordem judicial – “Impetrou um mandado de segurança”;
11) TRÁFEGO = de trânsito, movimento – “O tráfego está muito intenso nesta rua”;
TRÁFICO = comércio – “O tráfico de drogas está cada vez maior”;
12) DESCRIÇÃO = ato de descrever – “Foi fazer a descrição do cenário”;
DISCRIÇÃO = qualidade de quem é discreto – “Agiu com muita discrição”;
13) DESTRATAR = tratar mal – “Foi destratada em público pelo marido”;
DISTRATAR = romper um trato – “Não querem mais cumprir o contrato. Vão assinar um distrato”;
14) INFRINGIR = transgredir, violar, desrespeitar – “Está infringindo a lei”;
INFLIGIR = aplicar, impor – “Está infligindo um castigo”;
15) PRESCREVER = receitar ou perder a validade – “O médico prescreveu este remédio”, “O prazo já prescreveu”;
PROSCREVER = banir, expulsar – “Ele foi proscrito da cidade”.
GOSTAVA ou GOSTARIA?
Pergunta do leitor : “Eu gostava muito de conhecer o Brasil” e “Eu gostava muito de ir mas não posso”. A conjugação do verbo está correta?”
O nosso problema é o de sempre: querer reduzir tudo a uma simples questão de certo ou errado.
O uso do verbo no pretérito imperfeito do indicativo (=gostava) em vez do futuro do pretérito do indicativo (=gostaria) é muito comum em Portugal. É uma característica do português falado em Portugal. Não podemos considerar erro. Esse fato linguístico é abonado por muitos autores da nossa literatura.
É, portanto, uma questão de adequação.
No Brasil, o mais frequente é usarmos o verbo no futuro do pretérito do indicativo: “Eu gostaria muito de conhecer o Brasil”, “Eu gostaria muito de ir mas não posso”.
Usamos o pretérito imperfeito do indicativo para indicar fatos habituais no passado: “Na minha infância, eu gostava de visitar meus avós”.
OUTRA DÚVIDA
Deu num bom jornal: “Se o governo deixar correr solto (…) assistir impávido a cada um dos partidos que o apoiam escolher um candidato…”
O leitor tem razão: estamos confundindo impávido com impassível.
IMPÁVIDO significa “que não tem pavor, destemido” e IMPASSÍVEL é “ausência de paixão, de sentimento, indiferente à dor, que não padece”.
Portanto, o autor queria dizer “assistir impassível”, ou seja, “sem paixão, sem ação, sem sofrimento, indiferente”.
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Erros gramaticais em propagandas famosas - Crase - Grafia - Publicidade - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Conheça erros gramaticais em propagandas famosas
Vem pra Caixa você também.
Você quer um desconto? Faz um 21!
Obedeça sua sede.
O primeiro pagamento só daqui 45 dias.
Quem lê, sabe.
Vota Brasil.
Vamos dividir a resposta em três partes:
1a) Nos dois primeiros exemplos, encontramos o mesmo problema. É um vício de linguagem muito característico do português falado no Brasil. É o chamado duplo tratamento (=mistura de 2a com 3a pessoa).
O pronome “você” vem de “vossa mercê”. Trata-se de um pronome de tratamento. Faz concordância na 3ª pessoa (=você vem, você faz, você fala…), embora se refira ao receptor da mensagem (substitui o pronome “tu” = 2ª pessoa do discurso).
A mistura ocorre na hora de usarmos o verbo no imperativo afirmativo. Enquanto a 2ª pessoa vem do presente do indicativo sem o “s” (=vem tu, faze ou faz tu, fala tu), a 3ª pessoa vem do presente do subjuntivo:
que você venha – venha você;
que você faça – faça você;
que você fale – fale você.
Assim sendo, num texto formal em que se fizesse necessário o uso culto da língua portuguesa, deveríamos dizer:
Venha para Caixa você também;
Você quer um desconto? Faça um 21.
2a) Nos exemplos 3 e 4, houve a omissão indevida da preposição “a”. O verbo “obedecer” é transitivo indireto. Se você realmente obedece, sempre deverá obedecer “a” alguma coisa. A mesma propaganda diz que “a imagem não é nada”. Pelo visto, para os autores da frase, a preposição também não é. O certo seria “Obedeça a sua sede”. O uso do acento da crase, nesse caso, é facultativo.
No exemplo 4, também está faltando a preposição. Tudo é “daqui a”: “O primeiro pagamento só daqui a 45 dias”.
3a) Os dois últimos exemplos já foram comentados nesta coluna. Evitando voltar às velhas discussões sobre o assunto, repito apenas a minha opinião.
Em “Quem lê, sabe”, não deveríamos usar a vírgula, pois separa o sujeito do predicado: “Quem lê sabe”; “Quem bebe Grapete repete”.
Em “Vota Brasil”, falta a vírgula. O termo “Brasil” não é o sujeito da oração. É vocativo. A forma verbal (= vota) está no imperativo. Deveríamos escrever: “Vota, Brasil”.
2) CRASE IMPOSSÍVEL
Leitor quer saber a minha opinião a respeito do excessivo uso do acento da crase numa única página da internet: “…ainda à partir da segunda metade (…) só tende à esquentar (…) surpreendeu à todos (…) rodando à 1,5GHz (…) melhora o suporte à CD (…) suporte à HTLM moderno (…) rodando à 433MHz e 466MHz…”
O nosso leitor tem inteira razão. O autor da página não acertou uma sequer. Em todos os casos não ocorre a crase porque não há artigo definido. Temos apenas a preposição “a”.
Não esqueça que é impossível haver crase:
1o) antes de verbo: “a partir da segunda metade”, “tende a esquentar”;
2o) antes de palavras masculinas: “surpreendeu a todos”, “suporte a HTLM moderno”.
3) MEGA SENA ou MEGA-SENA ou MEGASSENA?
Carta de leitor: “Insisto com o problema do mega: mega-sena, mega sena, megasena ou megassena? Há meses aguardo uma explicação e já estou desconfiado de que não tenho resposta justamente por causa da insistência. Puxa, lá vem de novo aquele cara chato com a questão da megassena. Tudo indica que esta seja a forma correta, mas a dúvida permanece.”
Só vou responder devido à sua insistência, pois considero essa discussão um caso perdido.
O elemento “mega”, segundo o novo acordo ortográfico, só deve ser usado com hífen se a palavra seguinte começar por H ou vogal igual à última do prefixo: mega-avaliação, mega-hospital…
Nos demais casos, é sempre usado sem hífen, “tudo junto” como se diz popularmente: megacéfalo, megaevolução, megafone, megassismo, megawatt, megaevento, megaempresário…
Assim sendo, deveríamos escrever “megassena”. Por ser uma marca, torna-se um caso perdido, ou seja, não tem volta.
Outro problema é a necessidade do “ss” para manter o som do “esse”. Há muito tempo aprendemos que um “s” entre vogais representa o som do “zê”.
Se isso fosse respeitado, escreveríamos “telessena”, “aerossol”, “Mercossul”…
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Influência do grego nas palavras em português - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Exemplos da influência do grego nas palavras em português
O português é uma língua neolatina, isto é, deriva-se do latim, que era falado na Roma antiga e que se espalhou pelo grande império romano. Do latim saíram vários “filhotes”: o português, o espanhol, o catalão, o francês, o italiano, o romeno…
Isso significa que a maioria das palavras que usamos hoje é derivada do latim. Eu disse a maioria, e não todas. Uma língua viva, durante a sua evolução, deixa-se influenciar por outras. A língua portuguesa, com o passar do tempo, foi enriquecida pelo árabe, pelo hebraico, pelo francês, pelo inglês, pelo japonês, pelo alemão…
Marcante na nossa língua é a presença do grego.
Você sabe o que é um oftalmotorrinolaringologista?
Aqui está um belo exemplo de um palavrão que não ofende ninguém. É uma palavra composta por alguns elementos de origem grega.
1o) “Oftalmo” significa “olho”. Oftálmico é relativo ao(s) olho(s). Um oftalmologista é especialista em oftalmologia (= ramo da medicina que estuda os olhos em todos seus aspectos).
2o) “Oto” significa “ouvido”. Otite (= oto + ite) é inflamação do ouvido. Otalgia (= oto + algia) é a popular dor de ouvido.
Já que falamos em “algia” (= dor), lembremos a nevralgia ou neuralgia (= dor dos nervos) e a cefalalgia ou cefaleia, que é a popular dor de cabeça. Daí o encéfalo (en + céfalo = dentro da cabeça) e acéfalo (a + céfalo = sem cabeça). Se você quiser acabar com a dor, tome um analgésico (an + algia = sem dor).
3o) “Rino” significa “nariz”. Rinite é inflamação na mucosa nasal. Muita gente pensa que rinite é inflamação no rim. Errou. Rinite é no nariz, e nefrite é inflamação no rim.
Confusão semelhante ocorre com estomatite. Há quem imagine que seja uma inflamação no estômago. Errou de novo. Estomatite é inflamação da membrana mucosa da boca; do estômago é gastrite.
Uma curiosidade: o rinoceronte deve ter este nome por ter um chifre no nariz.
4o) “Laringo” é a laringe (= garganta). A laringe situa-se acima da traqueia e comunica-se com a faringe. A função da laringe é intervir no mecanismo de fonação (= sons da fala, por exemplo) e impedir que alimentos entrem na traqueia. É por isso que uma laringite (= inflamação na laringe) prejudica a fala e o ato de engolir.
5o) “Logia” é “estudo”. Lembrem-se de biologia (= estudo da vida), geologia (= estudo da terra), cardiologia (= estudo do coração), etimologia (= estudo da origem das palavras)…
6o) “-ista” é um sufixo que dá a ideia de “ofício, ocupação”. É o mesmo que aparece em pianista, jornalista, dentista, artista, jurista…
Conclusão: um oftalmotorrinolaringologista é um médico especialista em olhos, ouvidos, nariz e garganta. É uma especialidade hoje quase inexistente. Afinal, é um especialista em tantas coisas que é quase um clínico geral. E, se o valor de sua consulta fosse por letra, estaríamos perdidos.
Nervo ÓTICO ou ÓPTICO?
Segundo o novíssimo dicionário Aurélio:
“ÓTICO 1 – Relativo ou pertencente a ouvido.
ÓTICO 2 – V. óptico.
ÓPTICO – Relativo à visão, ou ao olho; ocular.
(Var.: ótico 2).”
Traduzindo: o adjetivo ÓTICO deveria ser usado somente para o ouvido, mas, por ser também uma forma variante de ÓPTICO, pode ser usado para a visão, para o olho. O adjetivo ÓPTICO só pode ser usado para a visão.
Não é errado, portanto, usarmos ÓTICO para visão: “Na minha ótica (modo de ver as coisas), ele deve ser substituído”; “Comprei meus óculos na Ótica Universal”.
Mas não esqueça que o nervo ótico, a princípio, é o nervo auditivo.
De onde vem o FRANGO?
Leitor descobriu que, em Latim, a forma FRANGO é do verbo frangere, que significa “romper, quebrar, fazer em pedaços”. Quer me convencer que o nosso FRANGO (= o filho da galinha já crescido, porém antes de ser galo) deve ter recebido este nome porque os romanos devoravam os “quase galos” em pedaços.
Pior é que a história pode não ser tão absurda assim. Se consultarmos qualquer dicionário, encontraremos a palavra FRANGALHO, que significa “farrapo, trapo, coisa imprestável, caco”. Deriva-se do verbo FRANGER (= quebrar, despedaçar), que vem do verbo latino frangere.
E ainda tem mais: o dicionário Aurélio diz que o substantivo FRANGO (= pinto adulto) é uma derivação regressiva de FRANGÃO, que por sua vez tem origem controversa.
Gostaria que os especialistas no assunto me ajudassem. Aceito contribuições. Adoro ouvir versões. Fazem pensar, e isso é bom. Vamos decifrar o segredo do FRANGO.
O DESAFIO
Qual é a palavra de origem grega para:
a) quem tem “curta vida”;
b) o “músculo do coração”;
c) o objeto cuja “asa é a hélice”;
d) a “correta escrita”;
e) a “aversão a sangue”.
As respostas são:
a) micróbio;
b) miocárdio;
c) helicóptero;
d) ortografia;
e) hematofobia.
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