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quinta-feira, 20 de junho de 2013
Crase - Exercícios - Português - Questões para concursos com gabarito de respostas.
Questões Crase
1. Em qual das alternativas o uso do acento indicativo de crase é facultativo?
a) Minhas idéias são semelhantes às suas.
b) Ele tem um estilo à Eça de Queiroz
c) Dei um presente à Mariana.
d) Fizemos alusão à mesma teoria.
e) Cortou o cabelo à Gal Costa.
2. "O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que acontece ao seu redor".
a) à - a - aquilo
b) a - a - àquilo
c) a - à - àquilo
d) à - à - aquilo
e) à - à - àquilo
3. "A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __- duas quadras da Avenida Central".
a) à - há
b) a - à
c) a - há
d) à - a
e) à - à
4. "O grupo obedece ___ comando de um pernambucano, radicado ___ tempos em São Paulo, e se exibe diariamente ___ hora do almoço".
a) o - à - a
b) ao - há - à
c) ao - a - a
d) o - há - a
e) o - a - a
5. "Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas já expostos ___ V. Sª ___ alguns dias".
a) à - àqueles - a - há
b) a - àqueles - a - há
c) a - aqueles - à - a
d) à - àqueles - a - a
e) a - aqueles - à - há
6. Assinale a frase gramaticalmente correta:
a) O Papa caminhava à passo firme.
b) Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz.
c) Chegou à noite, precisamente as dez horas.
d) Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas.
e) Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.
7. O Ministro informou que iria resistir _____ pressões contrárias _____ modificações relativas _____ aquisição da casa própria.
a) às - àquelas _ à
b) as - aquelas - a
c) às àquelas - a
d) às - aquelas - à
e) as - àquelas - à
8. A alusão _____ lembranças da casa materna trazia _____ tona uma vivência _____ qual já havia renunciado.
a) às - a - a
b) as - à - há
c) as - a - à
d) às - à - à
e) às - a - há
9. Use a chave ao sair ou entrar __________ 20 horas.
a) após às
b) após as
c) após das
d) após a
e) após à
10. _____ dias não se consegue chegar _____ nenhuma das localidades _____ que os socorros se destinam.
a) Há - à - a
b) A - a - a
c) À - à - a
d) Há - a - a
e) À - a - a
11. Fique _____ vontade; estou _____ seu inteiro dispor para ouvir o que tem _____ dizer.
a) a - à - a
b) à - a - a
c) à - à - a
d) à - à - à
e) a - a - a
12. No tocante _____ empresa _____ que nos propusemos _____ dois meses, nada foi possível fazer.
a) àquela - à - à
b) aquela - a - a
c) àquela - à - há
d) aquela - à - à
e) àquela - a - há
13. Chegou-se _____ conclusão de que a escola também é importante devido _____ merenda escolar que é distribuída gratuitamente _____ todas as crianças.
a) à - à - à
b) a - à - a
c) a - à - à
d) à - à - a
e) à - a - a
14. A tese _____ aderimos não é aquela _____ defendêramos no debate sobre os resultados da pesquisa.
a) a qual - que
b) a que - que
c) à que - a que
d) a que - a que
e) a qual a que
15. Em relação _____ mímica, deve-se dizer que ela exerce função paralela _____ da linguagem.
a) a - a
b) à - à
c) a - à
d) à - aquela
e) a - àquela
16. Foi _____ mais de um século que, numa reunião de escritores, se propôs a maldição do cientista que reduzira o arco-íris _____ simples matéria: era uma ameaça _____ poesia.
a) a - a - à
b) há - à - a
c) há - à - à
d) a - a - a
e) há - a - à
17. A estrela fica _____ uma distância enorme, _____ milhares de anos-luz, e não é visível _____ olho nu.
a) a - à - à
b) a - a - a
c) à - a - a
d) à - à - a
e) à - a - à
18. Estava __________ na vida, vivia _____ expensas dos amigos.
a) atoa - as
b) a toa - à
c) a tôa - às
d) à toa - às
e) à toa - as
19. Estavam _____ apenas quatro dias do início das aulas, mas ele não estava disposto _____ retomar os estudos.
a) há - à
b) a - a
c) à - a
d) há - a
e) a - à
20. Disse _____ ela que não insistisse em amar _____ quem não _____ queria.
a) a - a - a
b) a - a - à
c) à - a - a
d) à - à - à
e) a - à - à
21. Quanto _____ suas exigências, recuso-me _____ levá-las _____ sério.
a) às - à - a
b) a - a - a
c) as - à - à
d) à - a - à
e) as - a - a
22. Quanto _____ problema, estou disposto, para ser coerente __________ mesmo, _____ emprestar-lhe minha colaboração.
a) aquele - para mim - a
b) àquele - comigo - a
c) aquele - comigo - à
d) aquele - por mim - a
e) àquele - para mim - à
23. A lâmpada _____ cuja volta estavam mariposas _____ voar, emitia luz _____ grande distância.
a) a - à - à
b) à - a - à
c) a - à - a
d) a - a - a
e) à - a - a
24. Aquela candidata _____ rainha de beleza, quando foi _____ televisão, pôs-se _____ roer as unhas.
a) à - à - a
b) à - a - à
c) a - a - à
d) à - à - à
e) a - à - a
25. Eis o lema _____ sempre obedecia: ódio _____ guerra e aversão _____ injustiças.
a) à que - à - as
b) à que - à - às
c) a que - à - às
d) a que - à - as
e) a que - a - as
26. Faltou _____ todas as reuniões e recusou-se _____ obedecer _____ decisões da assembléia.
a) a - a - as
b) a - a - às
c) a - à - às
d) à - a - às
e) à - à - às
27. Expunha-se _____ uma severa punição, porque as ordens _____ quais se opunha eram rigorosas e destinavam-se _____ funcionárias daquele setor.
a) a - as - às
b) à - às - as
c) à - as - às
d) à - às - às
e) a - às - às
28. _____ alguns meses o Ministro revelou-se disposto _____ abrir _____ discussões em torno do acesso dos candidatos e dos partidos _____ televisão.
a) A - a - as - à
b) Há - a - às - a
c) A - à - às - a
d) Há - à - as - à
e) Há - a - as - à
29. _____ Igreja cabe propugnar pelos princípios éticos e morais que devem reger _____ vida das comunidades, enquanto _____ política deve visar ao bem comum.
a) A - à - à
b) À - a - a
c) À - à - a
d) À - à - à
e) A - a - a
1 C / 2 C / 3 D / 4 B / 5 B / 6 D / 7 A / 8 D / 9 B / 10 D / 11 B / 12 E / 13 D / 14 B / 15 B / 16 E / 17 B / 18 D / 19 B / 20 A / 21 B / 22 B / 23 D / 24 E / 25 C / 26 B / 27 E / 28 E / 29 B.
terça-feira, 30 de abril de 2013
Quando há mais de uma resposta correta no uso da crase - Crase - Uso da crase - Dicas de Português, Língua Portuguesa, Matéria Português, Português
Veja quando há mais de uma resposta correta no uso da crase
1. Vou à ou a minha casa?
Tanto faz. É um caso facultativo. Pode haver crase ou não. A diferença é a presença do pronome possessivo minha antes da casa. Antes de pronomes possessivos é facultativo o uso do artigo; sendo assim, facultativo também será o uso do acento da crase: “Vou a ou à minha casa.”; “Fez referência a ou à tua empresa.”; “Estamos a ou à sua disposição.”
O uso do acento da crase só é facultativo antes de pronomes possessivos femininos no singular (=minha, tua, sua, nossa, vossa).
Se for masculino, não há crase: “Ele veio a ou ao meu apartamento”; “Estamos a ou ao seu dispor.”
Se estiver no plural,
a) haverá crase (preposição a + artigo plural as): “Fez referência às minhas ideias.”; “Fez alusão às suas poesias.”
b) não haverá crase (preposição a, sem artigo definido): “Fez referências a minhas ideias.”; “Fez alusão a suas ideias.”
2. Ele se referiu à ou a Cláudia?
Tanto faz. É outro caso facultativo.
Antes de nomes de pessoas, o uso do artigo definido é facultativo. Portanto, em se tratando de nome de mulher, pode ou não ocorrer a crase.
Quando se trata de pessoas que façam parte do nosso círculo de amizades, com as quais temos uma certa intimidade, usamos artigo definido. Isso significa que devemos usar o acento da crase: “Refiro-me à Cláudia.” (=pessoa amiga)
Quando se trata de pessoas com as quais não temos nenhuma intimidade, não há o acento da crase porque não usamos artigo definido antes de nomes de pessoas desconhecidas ou não amigas: “Refiro-me a Cláudia.” (=pessoa desconhecida ou não amiga)
Antes de nomes próprios de pessoas célebres não se usa artigo definido. Isso significa que não haverá acento da crase: “Ele fez referência a Joana d’Arc.”; “Fizeram alusão a Cleópatra.”
VOCÊ SABE…
…qual é a origem das palavras anfiteatro e apogeu? E de onde vem a expressão “entrar com o pé direito”?
1. Anfiteatro é uma palavra de origem grega. Juntamos o teatro, que já conhecemos, com “anfi”, que quer dizer “dois”.
É interessante lembrarmos os anfíbios, que são aqueles animais de “duas vidas” (anfi+bio), porque vivem na terra e na água.
O teatro tradicional é aquele em que temos o palco para apresentações e à sua frente fica a plateia. Ao juntarmos dois teatros, temos um anfiteatro. Portanto, um anfiteatro é um teatro onde o público fica dos dois lados. O anfiteatro pode ser oval ou circular, com palco ou estrado e arquibancadas, para representações teatrais, aulas, palestras ou demonstrações. O Coliseu de Roma é um dos melhores exemplos de anfiteatro, daí o seu nome “colosso de Roma”.
Hoje em dia, as praças de touros e os estádios de futebol poderiam ser chamados de anfiteatros.
2. Apogeu, no sentido figurado, quer dizer o mais alto grau. Uma pessoa pode atingir o apogeu da sua carreira; um império, o apogeu do seu domínio. O sentido figurado está bem próximo do original.
Apogeu vem do grego e significa o ponto mais distante de um astro em relação à Terra. É a junção de “apo” (=afastamento, distante) com “geo” (=Terra). Daí a geografia, que descreve a Terra; e a geologia, que estuda a terra, o solo. Apogeu significa, portanto, “distante da Terra”. É o ponto da órbita de um astro em que ele atinge o afastamento máximo em relação ao nosso planeta.
3. Metaforicamente, um astro do futebol e uma estrela do cinema atingem o apogeu quando chegam ao ponto mais alto de suas carreiras.
Mesmo quem se considera livre de qualquer superstição às vezes se sente tentado a dar uma “ajudinha” ao destino. Afinal, o que custa, por exemplo, entrar com o pé direito numa sala onde uma decisão importante está para ser tomada?
Se você sofre esse tipo de sensação, está em boa companhia. O costume de entrar com o pé direito num lugar para evitar o mau agouro vem dos imperadores romanos, que exigiam que seus convidados usassem esse pé para entrar em seus salões.
A superstição “pegou” de tal forma que Santos Dumont, que era um gênio e portanto com direito a mais excentricidades do que qualquer mortal, chegou a construir em sua casa em Petrópolis uma escada onde só é possível subir ou descer com o pé direito, isto é, começando com o pé direito.
Dúvida dos leitores
“Qual é a forma correta: Não se deve ou devem cruzar os braços à espera de soluções?”
Existem autores que defendem as duas formas. Afirmam que o verbo no singular caracteriza uma indeterminação do sujeito.
Num concurso público ou numa prova de exame vestibular, entretanto, devemos seguir a gramática tradicional, que considera a partícula “se” apassivadora. Nesse caso, a frase está na voz passiva sintética e “os braços” é o sujeito. Assim sendo, o verbo deve concordar no plural: “Não se devem cruzar os braços…”, ou seja, “os braços não devem ser cruzados…”
O DESAFIO:
Qual é o significado de hidrofilia?
a) raiva, tipo de doença contagiosa;
b) absorvente, amigo da água;
c) tratamento pela água do mar.
Resposta: letra (b). Hidro (água)+filia (amigo) = o algodão é hidrófilo porque absorve a água, é “amigo da água”.
Crase - Uso da Crase quando há (ou não) crase - Gramática - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Vendeu ‘a vista’ ou ‘à vista’? Veja se a crase está correta nesse caso
Vendeu a ou à vista?
Se alguém “vendeu a vista”, deve ter vendido “o olho” (a vista = objeto direto). O desespero era tanto, que um vendeu o carro, o outro vendeu o rim e esse vendeu a vista.
Se não era nada disso que você queria dizer, então a resposta é outra: “vendeu à vista”, e não a prazo (à vista = adjunto adverbial de modo).
Observe que nesse caso não se aplica o “macete” da substituição do feminino pelo masculino (à vista > a prazo).
Por causa disso, há muita polêmica e algumas divergências entre escritores, jornalistas, gramáticos e professores.
Acentuamos o “a” que inicia locuções (adverbiais, prepositivas, conjuntivas) com palavra FEMININA: à beça; à beira de; à cata de; à custa de; à deriva; à direita; à distância; à espreita; à esquerda; à exceção de; à feição de; à força; à francesa; à frente (de); à luz (“dar à luz um filho”); à mão; à maneira de; à medida que; à mercê de; à míngua; à minuta; à moda (de); à noite; à paisana; à parte; à pressa; à primeira vista; à procura de; à proporção que; à queima-roupa; à revelia; à risca; à semelhança de; à tarde; à toa; à toda; à última hora; à uma (=conjuntamente); à unha; à vista; à vontade; às avessas; às cegas; às claras; às escondidas; às moscas; às ocultas; às ordens; às vezes (=algumas vezes, de vez em quando)…
As locuções adverbiais indicam lugar, tempo, modo…
“Entrou à direita.”
“Está à distância de um metro.” (=adjuntos adverbiais de lugar);
“Só voltará à tarde.”
“À última hora, desistiu.” (=adjuntos adverbiais de tempo);
“Saiu andando à toa.”
“Falou tudo às claras.” (=adjuntos adverbiais de modo).
Nas locuções prepositivas, só haverá o acento grave com palavras femininas: à custa de, à procura de, à mercê de, à moda de…
Não há acento grave em locuções com palavras masculinas:
“Falávamos a respeito do jogo de ontem.”
As duas locuções conjuntivas (=ligam orações) dão ideia de “proporção”:
“A sala fica cheia à proporção que os convidados vão chegando.”
“À medida que o tempo passa, ele fica mais irresponsável.”
VOCÊ SABE…
…qual é a origem da gravata? E de onde vem a expressão “conto do vigário”?
Os reis da França, principalmente os Luíses, entraram para a História com a fama, entre outras coisas, de vaidosos. Foi um Luís da França, mais precisamente Luís XIV, quem lançou a moda da gravata. Em 1660, um grupo de guerreiros do Royal Cravate, da Croácia, foi apresentado ao rei. Eles usaram para a ocasião uma tira de tecido amarrada no pescoço. Luís XIV gostou da novidade e adotou. Como tudo que o rei fazia era imitado pelos súditos, todos passaram a usar a tira de pano dos “cravates”, ou croácios, de onde surgiu o nome “gravata”.
Quando alguém é vítima de uma malandragem, de um engodo, diz que lhe passaram um conto do vigário.
A expressão é bem brasileira. Dizem que é mineira de Ouro Preto.
Segundo a primeira versão, tudo começou quando os espanhóis doaram uma imagem de Nosso Senhor dos Passos para a cidade. Dois padres, um da igreja de Nossa Senhora do Pilar, outro da de Nossa Senhora da Conceição, queriam a imagem em suas respectivas igrejas. Como não havia como julgar o merecimento, o padre do Pilar sugeriu uma maneira de resolver o conflito: colocar a imagem em cima de um burro, no meio do caminho entre as duas igrejas. A Nossa Senhora ficaria na igreja para onde o burro se dirigisse.
A sugestão foi aceita, e o burro levou a imagem para a igreja do Pilar. Se você está lembrado, essa era a igreja do padre que fez a sugestão. Mais tarde, descobriu-se que o tal padre também era dono do burro. Quer dizer que ele passou um conto do vigário no concorrente.
Essa versão pode ser a mais curiosa, mas provavelmente não é verdadeira.
Existiria outra lenda a respeito da imagem. Consta que ela foi trazida da Corte do Rio de Janeiro a Vila Rica em lombo de burro. Quando a caravana passou ao lado da igreja-matriz de Nossa Senhora do Pilar (inaugurada em 1733), o burro “empacou” e não houve jeito de fazer o animal prosseguir. Impressionados com a teimosia do bicho, os doadores concluíram que a bela imagem deveria ficar na matriz do Pilar, o que realmente aconteceu.
Há uma outra versão que me foi enviada por um leitor: “Conta-se que, com a chegada da família imperial portuguesa ao Brasil, diversos nobres a acompanharam. Ficou famosa a história de um nobre que se dizia herdeiro de um rico vigário português que havia falecido em Portugal. Apesar de sua condição de rico herdeiro, toda sua fortuna estaria ainda em Portugal. Enquanto aguardava sua chegada, frequentava festas, morava e comia de graça, tudo por conta da chegada da herança. Meses se passaram e as desculpas se sucediam, até o seu desaparecimento, deixando inúmeras dívidas e empréstimos não pagos. Todos os que acreditaram em sua história, caíram no “conto do vigário” e aquele que aplica golpes similares passou a ser chamado de vigarista.”
Vejamos o que observa um outro leitor: “Desde muito cedo, tive a curiosidade aguçada, perguntando-me o que teria a expressão conto do vigário a ver com o vigário ou o padre, propriamente. A pesquisa me levou a vicariu, do latim, que em português deu vicário e vigário. A primeira significa “o que faz as vezes de outrem ou de outra coisa”. A segunda, para o mestre Aurélio, é “o padre que faz as vezes do prelado”. Continua, portanto, presente a ideia de substituição. Consigna ainda o Prof. Aurélio por inteiro a expressão conto do vigário, no qual o termo vigário entra com todo o seu conteúdo de substituição.”
Espero que não seja eu quem tenha caído no conto do vigário. Será que existem mais versões ainda? É lógico que seria importante conhecer a verdadeira origem do conto do vigário, mas confesso que, quando o assunto é etimologia, não sei se o mais delicioso é encontrar a verdade ou ouvir tão curiosas versões.
Crase - Usos da Crase com ou sem acento - Crase não é acento! Conheça os macetes para não errar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Crase não é acento! Conheça os macetes para não errar
Você sabia que CRASE não é acento? Crase é a fusão de duas vogais iguais, é a contração de dois “aa”. Acento grave (`) é o sinal que indica a crase (a + a = à).
Para haver crase, é necessário que existam dois “aa”. O primeiro a é preposição; o segundo pode ser:
1) artigo definido (a/as):
“Ele se referiu a (preposição) + a (artigo) carta.” = “Ele se referiu à carta.”
“Ele entregou o documento a (preposição) + as (artigo) professoras.” = “Ele entregou o documento às professoras.”
2) pronome demonstrativo (a/as):
“Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meu pai.” = “Sua camisa é igual à do meu pai.”
“Ele fez referência a (preposição) + as (pronome = aquelas) que saíram.” = “Ele fez referência às que saíram.”
3) vogal a inicial dos pronomes aquele, aqueles, aquela, aquelas e aquilo:
“Ele se referiu a (preposição) + aquele livro.” = “Ele se referiu àquele livro.”
“Ele fez alusão a (preposição) + aquelas obras.” = “Ele fez alusão àquelas obras.”
“Prefiro isso a (preposição) + aquilo.” = “Prefiro isso àquilo.”
Observação 1: Se o verbo for transitivo direto, não há preposição, por isso não ocorre crase:
“A secretária escreveu (TD) a carta (OD).” (a = artigo definido)
“Ele não encontrou (TD) as professoras (OD).” (as = artigo definido)
“A testemunha acusou (TD) a da direita.” (a = pronome = aquela da direita)
“Não reconheci (TD) as que saíram.” (as = pronome = aquelas que saíram)
“Nós já lemos (TD) aquele livro (OD).”
“Ainda não vi (TD) aquilo (OD).”
Observação 2: Para comprovarmos a crase, o melhor “macete” é substituir o substantivo feminino por um masculino. Comprovamos a crase se o “à” se transformar em “AO”:
“Ele se referiu à carta.” (=ao documento)
“Ele entregou o documento às professoras.” (=aos professores)
“Sua camisa é igual à do meu pai.” (=seu casaco é igual ao do meu pai)
“Ele fez referência às que saíram.” (=aos que saíram)
Observe a diferença:
“A secretária escreveu a carta.” (=o documento)
“Ele não encontrou as professoras.” (=os professores)
“A testemunha acusou a da direita.” (=o da direita)
“Não reconheci as que saíram.” (=os que saíram)
“Ele se referiu a esta carta.” (=a este documento)
“Tráfego proibido a motocicletas.” (=a caminhões)
Este “macete” não se aplica no caso dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo.
VOCÊ SABIA…
…que secretária, originalmente, é o nome de uma escrivaninha com muitas gavetas e escaninhos para guardar documentos e dinheiro. É provável que quem tomava conta desse móvel, lidando com seu conteúdo, acabou sendo conhecido como secretário ou secretária.
A profissão de secretário, no entanto, existe desde antes de Cristo. Era um misto de escriba e soldado, que lutava de dia e fazia o relatório da batalha à noite. Que se sabe, o primeiro homem a escolher uma mulher para a tarefa de registrar suas batalhas foi Napoleão Bonaparte.
A secretária executiva de empresas, como conhecemos hoje, surgiu em 1877, em Nova Iorque. No Brasil, a profissão se firmou na década de 50, quando chegaram aqui as primeiras multinacionais.
Assim sendo, uma secretária, na sua origem, era para guardar segredos…
Dúvida do leitor: “…não respeitará quem se OPOR ou OPUSER…”?
Nesse tipo de construção frasal, devemos usar o verbo no futuro do subjuntivo: “…respeitará quem fizer, quem quiser, quem vier, quem souber…
Portanto, “…não respeitará quem se opuser…”
O DESAFIO
Qual é significado de anemômetro?
O anemômetro mede…
(a) a velocidade do vento;
(b) a pressão atmosférica;
(c) o nível de glóbulos brancos.
Resposta de O DESAFIO:
Letra (a) = Anemômetro é o instrumento que mede a velocidade ou a intensidade do vento e, em alguns casos, a sua direção.
Crase - Uso da Crase - Saiba quando se deve usar a crase diante de nomes de lugar - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Saiba quando se deve usar a crase diante de nomes de lugar
Vou a ou à Brasília? Vou a ou à Bahia?
O certo é: “Vou a Brasília” e “Vou à Bahia”.
Por que só ocorre crase no segundo caso?
Quando vamos, sempre vamos a algum lugar. O verbo IR pede a preposição “a”. O problema é que o nome do lugar aonde vamos às vezes vem antecedido de artigo definido “a”, às vezes não.
Enquanto Brasília não admite artigo definido, a Bahia é antecedida do artigo definido “a”. Isso significa que você “VAI À BAHIA” (=preposição “a” do verbo IR + artigo definido “a” que antecede a Bahia) e que você “VAI A BRASÍLIA” (=sem crase, porque só há a preposição “a” do verbo IR).
Se você quer saber com mais rapidez se deve IR À ou A algum lugar (com ou sem o acento da crase), use o seguinte “macete”:
Antes de IR, VOLTE.
Se você volta “DA”, significa que há artigo: você vai “À”;
Se você volta “DE”, significa que não há artigo: você vai “A”.
Exemplos:
“Você volta DA Bahia” > “Você vai à Bahia.”
“Você volta DE Brasília” > “Você vai a Brasília.”
Vamos testar o “macete” em outros exemplos:
“Vou à China.” (=volto DA China)
“Vou a Israel.” (=volto DE Israel)
“Vou à Paraíba.” (=volto DA Paraíba)
“Vou a Goiás.” (=volto DE Goiás)
“Vou a Curitiba.” (=volto DE Curitiba)
“Vou à progressista Curitiba.” (=volto DA progressista Curitiba)
“Vou à Barra da Tijuca.” (=volto DA Barra da Tijuca)
“Vou a Botafogo.” (=volto DE Botafogo)
No Rio de Janeiro, a linha 1 do nosso metrô é bem interessante: só ocorre crase num caso:
“Vou à Tijuca.” (=volto DA Tijuca);
“Vou a Ipanema.” (=volto DE Ipanema).
É importante lembrar que este “macete” não se aplica a todos os casos de crase. Na verdade, ele resolve o problema das “viagens”: IR à ou a, DIRIGIR-SE à ou a, VIAJAR à ou a, CHEGAR à ou a …
Vamos testar o “macete”.
“Uma estrada liga a Suíça a Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”
Em que “estrada” ocorre crase?
Você acertou se respondeu a primeira. Por quê?
Porque só há artigo definido antes da Itália. Observe o “macete”: “volto DA Itália” e “volto DE Portugal”. Portanto: “Uma estrada liga a Suíça à Itália; outra liga a Espanha a Portugal.”
Vou à ou a Roma? Vou à ou a antiga Roma?
O certo é: “Vou a Roma” e “Vou à antiga Roma”.
Podemos usar o “macete” do verbo VOLTAR:
“Volto DE Roma” e “Volto DA antiga Roma”.
Observe que não há artigo antes de Roma. O artigo aparece se houver um adjetivo ou termo equivalente:
“Vou a Paris.” (=volto DE Paris)
“Vou à Paris dos meus sonhos.” (=volto DA Paris dos meus sonhos)
“Vou a Porto Alegre.” (=volto DE Porto Alegre)
“Vou à bela Porto Alegre.” (=volto DA bela Porto Alegre)
“Vou a Londres.” (=volto DE Londres)
“Vou à Londres do Big Ben.” (=volto DA Londres do Big Ben)
VOCÊ SABIA…
…que o segredo era guardado a “quatro chaves”, e não “a sete chaves”?
Quem já não ouviu alguém dizer que tal objeto está trancado a sete chaves? Ou que o segredo ou sigilo será guardado a sete chaves?
Pois é, essa é uma expressão muito popular da nossa língua, seja para dizer que um objeto está guardado num local muito seguro, seja para dar ideia de que um segredo será guardado a qualquer custo. Mas como surgiu essa expressão?
Na realidade, a origem dessa expressão está em outro país e num número diferente de chaves.
Em Portugal, no século XII, existiam arcas de madeira muito sólida que possuíam quatro – e não sete – fechaduras. Nessas arcas eram guardados documentos, segredos, ouro, joias e outros objetos de valor relevante para o governo português. Cada uma das quatro chaves era entregue a ocupantes de cargos de confiança no governo e às vezes até o próprio rei portava uma das chaves. Assim, essas arcas só podiam ser abertas se os quatro portadores das chaves as utilizassem ao mesmo tempo.
Acredita-se que a expressão se refere a sete e não quatro chaves, devido à mística que envolve o número cabalístico sete, como em “hidra de sete cabeças”, “serpente de sete línguas” ou “botas de sete léguas”.
Crítica dos leitores
Lemos em alguns jornais: “Homossexuais e lésbicas…”
Nossos leitores têm razão. Há quem pense que “homo” de homossexuais venha de “homem”. “Homo” significa “igual”; portanto as lésbicas também são homossexuais. Não é uma questão de preconceito. É desconhecimento da origem da palavra e do seu real significado.
O DESAFIO
Quinquênio é um período de…
a) cinco anos;
b) quinze anos;
c) cinquenta anos.
Resposta do DESAFIO: letra (a) = quinquênio é um período de cinco anos.
Acento na Crase - Uso do acento da CRASE - Novos exemplos sobre o uso correto da crase - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Veja novos exemplos sobre o uso correto da crase
Uso do acento da CRASE – Parte 3
1. Vou à ou a terra?
O certo é: “Vou a terra.” A palavra TERRA, no sentido de “terra firme, chão” (= oposto de bordo), não recebe artigo definido, logo não haverá crase.
Observe o macete: “volto DE terra”.
Ao viajar de avião, podemos observar a ausência do artigo definido antes da palavra TERRA (=terra firme). Quando o avião está aterrissando, uma das comissárias de bordo vai ao microfone e diz: “Para voos de conexão e mais informações, procure o nosso pessoal em terra.” Por que não na terra? Porque é em terra firme, e não no planeta Terra. Em outras palavras, o que ela quer dizer é o seguinte: “Não me chateie a bordo do avião, vá ao balcão da companhia no aeroporto.”
Qualquer outra TERRA, inclusive o planeta Terra, recebe o artigo definido. Portanto, haverá crase:
“Vou à terra dos meus avós.” (=volto DA terra dos meus avós)
“Cheguei à terra natal.” (=volto DA terra natal)
“Ele se referiu à Terra.” (=volto DA Terra / do planeta Terra)
Observe a diferença:
“Depois de tantos dias no mar, chegamos a terra.” (=terra firme)
“Depois de tantos dias no mar, chegamos à terra procurada.”
2. Vou à ou a casa?
O certo é: “Vou a casa.” A sua própria casa não “merece” artigo definido.
Observe: Se “você vem DE casa” ou se “você ficou EM casa”, só pode ser a sua própria casa.
Qualquer outra casa vem antecedida de artigo definido. Isso significa que haverá crase:
“Vou à casa dos meus pais.” (=volto DA casa dos meus pais)
“Vou à casa de Angra.” (=volto DA casa de Angra)
“Vou à casa José Silva.” (=volto DA casa José Silva)
“Vou à casa do vizinho.” (=volto DA casa do vizinho)
“Vou à casa dela.” (=volto DA casa dela)
Não haverá crase somente quando a palavra CASA estiver sem nenhum adjunto:
“Ele ainda não retornou a casa desde aquele dia.”
VOCÊ SABE…
…de onde vêm as expressões “calcanhar de Aquiles” e “sem eira nem beira”? E qual é a origem da vitória-régia?
1. Por mais forte que seja, ninguém é invulnerável. Todos têm o seu ponto fraco, seu calcanhar de Aquiles. Mas quem seria esse Aquiles, e qual é o problema do seu calcanhar? A resposta está no poema épico “A Ilíada”. Nele, o poeta grego Homero conta a história da guerra de Troia.
Aquiles foi um dos heróis da guerra. Quando ele nasceu, foi feita uma profecia de que iria morrer jovem, no campo de batalha. Para protegê-lo, a mãe mergulhou o bebê no Rio Estige, na fronteira com o inferno. A água tinha o poder de, para dizer em linguagem moderna, fechar o corpo de Aquiles. Mas profecia é profecia, e Aquiles terminou morrendo mesmo, jovem e no campo de batalha, atingido por uma flecha envenenada. Onde? No calcanhar, o único ponto não tocado pela água, pois foi por onde a mãe o segurou ao mergulhá-lo no rio. O calcanhar de Aquiles era o seu ponto fraco, o seu ponto vulnerável.
2. Eira é um lugar ao ar livre onde se estendem as colheitas de trigo, milho ou centeio para secar, debulhar e limpar.
Quando alguém perde todas suas posses, diz que ficou “sem eira nem beira”. A expressão vem do tempo em que a maioria das propriedades era rural, e todos precisavam de uma eira para processar o que plantavam. Beira, por sua vez, é o que delimita uma casa ou um terreno, uma aba de telhado. Quem não tem nem eira nem beira, portanto, é o que não tem teto nem terra.
3. A vitória-régia é verdadeiramente uma rainha. Imponente pelo tamanho das folhas verdes e arroxeadas, que suportam até quarenta e cinco quilos de peso sem afundar, ela chama a atenção também por suas lindas flores perfumadas, brancas, vermelhas ou cor-de-rosa, que têm um sem-número de pétalas e chegam a medir quarenta centímetros de diâmetro.
Tudo isso fez da vitória-régia uma rainha entre as plantas flutuantes. E foi por causa dessa majestade que o botânico inglês John Lindley a batizou em homenagem à soberana Vitória da Inglaterra. Régia vem de regina, que em latim quer dizer rainha.
O que é ALITERAÇÃO?
Leitor quer saber se o exemplo abaixo caracteriza ou não um caso de aliteração: “A aposta é arriscada, pois não se pode prever se a renúncia do Estado em receber receitas presentes redundará num fomento econômico que, ao final, reabasteceria os cofres públicos.”
Para quem não está lembrado, aliteração é uma figura de estilo que consiste na repetição de um mesmo fonema: “Quem com ferro fere com ferro será ferido” (repetição do “f”).
Existem aliterações famosas na nossa literatura. Temos um belo exemplo em versos do poeta simbolista Cruz e Souza: “Vozes veladas, veludosas vozes, volúpias dos violões, vozes veladas vagam nos velhos vértices velozes dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
No texto jornalístico, em geral, a aliteração não faz sentido. Quanto ao exemplo que o nosso leitor nos apresenta, há realmente uma excessiva repetição do “r”: renúncia, receber, receitas, redundará, reabasteceria.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
FUTURO do SUBJUNTIVO - ‘Se eu ver’ ou ‘se eu vir’? Veja como conjugar o futuro do subjuntivo - CRASE - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
‘Se eu ver’ ou ‘se eu vir’? Veja como conjugar o futuro do subjuntivo
Formação do FUTURO do SUBJUNTIVO
O futuro do subjuntivo indica um futuro hipotético.
É usado principalmente em orações condicionais (se…) e temporais (quando…).
Deriva-se da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (trocar a terminação “ram” por “r”): eles fizeram (– “ram”) > fize (+ r) = se eu fizer ou quando eu fizer; eles trouxe(ram) = quando eu trouxer; eles quise(ram) = se eu quiser…
Veja mais exemplos:
Infinitivo – Pret. Perf. Ind. (3ª plural) = Fut. do Subj. (se ou quando…)
DIZER – Eles disse(ram) = disser
PÔR – Eles puse(ram) = puser
SER e IR – Eles fo(ram) = for
VIR – Eles vie(ram) = vier
VER – Eles vi(ram) = vir
É por isso que o futuro do subjuntivo do verbo VER fica: “se eu vir o filme”; “quando você vir o resultado do teste”; “quando nos virmos novamente”; “se vocês virem a verdade”…
CRASE?
Observação do leitor: “Lendo sua coluna, estranhei a crase na frase ‘Isso não está adequado à nossa empresa’. Favor corrigir-me se eu estiver errado, pois entendo que antes de pronome demonstrativo não se usa crase.”
Temos aqui uma pequena confusão. É correto afirmarmos que jamais ocorre a crase antes dos pronomes demonstrativos. O problema é que pronomes demonstrativos são este, esta, estes, estas, isto, isso, esse, essa…
Assim sendo, não haverá crase em:
“O diretor referiu-se a esta proposta.”
“Fazia referência a essa situação…”
Com pronomes demonstrativos, só é possível haver crase com os pronomes aquele, aquela, aqueles, aquelas e aquilo:
“O diretor referiu-se àquela proposta.”
“Fazia referência àquele fato.”
Na frase a que se refere o leitor, o que temos é um pronome possessivo: nossa. Nesse caso, quando o pronome possessivo está no feminino e no singular (minha, tua, sua, nossa e vossa), o uso do acento da crase é facultativo, porque pode haver o artigo definido ou não:
“Estamos a ou à sua disposição.”
“Isso não está adequado a ou à nossa empresa.”
LITERALMENTE existe?
Leitor afirma: “A palavra literalmente não existe. O Aurélio e o dicionário Michaelis não a registram.”
Existe sim.
Os advérbios de modo terminados em “mente” são derivados de adjetivos: rápido – rapidamente; leve – levemente; claro – claramente; suave – suavemente; literal – literalmente…
Os dicionários, em geral, só registram os adjetivos. Isso não significa que os advérbios derivados “não existam”.
Dizer que “a frase foi traduzida literalmente” significa que a frase foi traduzida “ao pé da letra”, ou seja, “sem nenhuma alteração”, “exatamente como foi escrita no texto original”.
Inadmissível é usar o advérbio “literalmente” com o sentido de “completamente ou totalmente”: “O atacante estava literalmente impedido”; “A janela está literalmente fechada”.
Pior ainda é usar “literalmente” em frases metafóricas:
“O estádio tornou-se literalmente um caldeirão”. Se fosse verdade, todos morreriam cozidos.
“Neste domingo, Neymar parou literalmente o Brasil”. Impossível, absurdo.
“Na entrevista coletiva, o técnico estava literalmente sem saco”. Sem comentários.
Brilhava OU brilhavam?
Leitora critica: “Na frase ‘era um pisca-pisca musical no qual brilhava cerca de 100 luzinhas’, o verbo brilhar pode ser usado no singular? Por quê? Porque ‘cerca de’ permite (ou exige?) que o verbo seja empregado no singular?”
Não exige nem permite. Minha querida e atenta leitora, pode ter sido apenas um erro de digitação. O verbo deveria estar no plural para concordar com o núcleo do sujeito (= luzinhas).
Quando usamos as expressões “cerca de”, “perto de”, “por volta de”, “em torno de”, o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito (=substantivo):
“Cerca de dez alunos compareceram à aula.”
“Perto de 200 candidatos já foram reprovados.”
“Por volta de 50 inscritos desistiram.”
“Em torno de 2 mil torcedores viajaram.”
Assim sendo, o certo é “…na qual brilhavam cerca de 100 luzinhas”.
DESAFIO
Qual é a forma correta:
“A sociedade ONDE ou EM QUE vivemos…”?
As duas formas são possíveis. Eu prefiro dizer “…a sociedade em que vivemos…”
Se nós vivemos “em algum lugar”, nós podemos usar o pronome “onde”. O problema é que “sociedade” não caracteriza bem um “lugar”, por isso prefiro usar a forma “em que”. Se fosse mundo, país ou cidade, não haveria dúvida alguma de que as duas formas estariam perfeitas: “…o mundo onde ou em que vivemos”.
Erro mesmo seria dizer “…a sociedade que vivemos…”
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CRASE - Conheça os sete pecados da crase - Pecados mortais da crase - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Conheça os sete pecados da crase
Os sete pecados mortais da crase
Do meu eterno mestre Édison de Oliveira, em Todo mundo tem dúvida, inclusive você.
É impossível haver crase:
1º) antes de palavra masculina: “Ele está no Rio a serviço”;
2º) antes de artigo indefinido: “Chegamos a uma boa conclusão”;
3º) antes de verbo: “Fomos obrigados a trabalhar”;
4º) antes de expressão de tratamento: “Trouxe uma mensagem a Vossa Majestade”;
5º) antes de pronomes pessoais, indefinidos e demonstrativos: “Nada revelarei a ela, a qualquer pessoa ou a esta pessoa”;
6º) quando o “a” está no singular, e a palavra seguinte está no plural: “Referimo-nos a moças bonitas”;
7º) quando, antes do “a”, existir preposição: “Compareceram perante a Justiça”.
Estamos “a sua disposição” ou “à sua disposição”?
É um caso facultativo. Antes dos pronomes possessivos (minha, tua, sua nossa…), o uso dos artigos definidos é facultativo: “Este é o meu carro” ou “Este é meu carro”; “Aquela é a minha sala” ou “Aquela é minha sala”.
Assim sendo, quando houver a preposição “a” antes de um pronome possessivo feminino singular, restará a dúvida cruel: existe ou não o artigo feminino singular “a” e, consequentemente, a crase? Como o uso do artigo antes do pronome possessivo é facultativo, o uso do acento da crase também o será: “Estamos à sua disposição” ou “Estamos a sua disposição”.
Podemos comprovar tudo isso comparando com a forma masculina: “Estamos ao (= preposição “a” + artigo masculino “o”) seu dispor” ou “Estamos a (= só preposição) seu dispor”.
Mesmo os doentes PARECE ou PARECEM que estão felizes?
O certo é: “Mesmo os doentes PARECE que estão felizes.” O sujeito do verbo PARECER é a segunda oração (=que mesmo os doentes estão felizes).
Em ordem direta, temos: “PARECE que mesmo os doentes estão felizes”. É interessante observar que o termo “os doentes” é o sujeito da segunda oração, do verbo ESTAR (=os doentes estão felizes).
Ele DISSE ou TINHA DITO que chegaria cedo, mas chegou às 5h?
A diferença entre DISSE e TINHA DITO é o tempo verbal: DISSE está no pretérito perfeito e TINHA DITO, no pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
O pretérito perfeito indica uma ação concluída no passado: “Ele disse, saiu, fez…”; o pretérito mais-que-perfeito indica uma ação anterior a outra ação que já está no passado: “Quando eu cheguei (pretérito perfeito = ação já passada), ele já tinha dito ou dissera ou havia dito, tinha saído ou saíra ou havia saído, tinha feito ou fizera ou havia feito (pretérito mais-que-perfeito = ação anterior à ação já passada)”.
Assim sendo, quanto à pergunta do nosso leitor, o mais adequado é: “Ele tinha dito que chegaria cedo, mas chegou às 5h”. A ação de “dizer” é anterior a ação de “chegar”. O pretérito mais-que-perfeito é o passado do passado.
VIETNÃ ou VIETNAM?
“Por que alguns jornais insistem em grafar o nome do Vietnã na forma usada em inglês Vietnam? Os dicionários que consultei registram até uma variante Vietname, com “e” no final, mas nunca na versão inglesa?”
Meu caro leitor, a grafia de nomes próprios é sempre um assunto polêmico. É briga sem fim. No meio jornalístico, não há tempo a perder. É por isso que cada jornal cria seus padrões. Não estamos, portanto, querendo dizer esta forma seja a correta e que aquela outra esteja errada. É apenas a nossa preferência.
No caso do Vietnam, a nossa preferência se deve ao adjetivo pátrio. Se falamos vietnamita com “m”, e não “vietnanita”, considero o mais lógico é escrever Vietnam com “m”. Só isso.
OS TUPI ou OS TUPIS?
Reclamação do leitor: “Outro dia escrevi um e-mail questionando o não uso de concordância nominal nos nomes de grupos indígenas no livro de Eduardo Bueno. Infelizmente não obtive resposta.”
É outro assunto polêmico. Os estudiosos das coisas indígenas afirmam que os nomes das nações indígenas não apresentam plural na sua forma original. Deveríamos dizer os tupi, os goitacá, os pataxó, os caeté…
Há, entretanto, aqueles que defendem o aportuguesamento e consequente respeito às nossas regras gramaticais.
Como as línguas indígenas são ágrafas (= sem escrita), a forma escrita só pode ser aportuguesada. Em razão disso, minha preferência é os tupis, os goitacás, os pataxós, os caetés…
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Erros gramaticais em propagandas famosas - Crase - Grafia - Publicidade - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Conheça erros gramaticais em propagandas famosas
Vem pra Caixa você também.
Você quer um desconto? Faz um 21!
Obedeça sua sede.
O primeiro pagamento só daqui 45 dias.
Quem lê, sabe.
Vota Brasil.
Vamos dividir a resposta em três partes:
1a) Nos dois primeiros exemplos, encontramos o mesmo problema. É um vício de linguagem muito característico do português falado no Brasil. É o chamado duplo tratamento (=mistura de 2a com 3a pessoa).
O pronome “você” vem de “vossa mercê”. Trata-se de um pronome de tratamento. Faz concordância na 3ª pessoa (=você vem, você faz, você fala…), embora se refira ao receptor da mensagem (substitui o pronome “tu” = 2ª pessoa do discurso).
A mistura ocorre na hora de usarmos o verbo no imperativo afirmativo. Enquanto a 2ª pessoa vem do presente do indicativo sem o “s” (=vem tu, faze ou faz tu, fala tu), a 3ª pessoa vem do presente do subjuntivo:
que você venha – venha você;
que você faça – faça você;
que você fale – fale você.
Assim sendo, num texto formal em que se fizesse necessário o uso culto da língua portuguesa, deveríamos dizer:
Venha para Caixa você também;
Você quer um desconto? Faça um 21.
2a) Nos exemplos 3 e 4, houve a omissão indevida da preposição “a”. O verbo “obedecer” é transitivo indireto. Se você realmente obedece, sempre deverá obedecer “a” alguma coisa. A mesma propaganda diz que “a imagem não é nada”. Pelo visto, para os autores da frase, a preposição também não é. O certo seria “Obedeça a sua sede”. O uso do acento da crase, nesse caso, é facultativo.
No exemplo 4, também está faltando a preposição. Tudo é “daqui a”: “O primeiro pagamento só daqui a 45 dias”.
3a) Os dois últimos exemplos já foram comentados nesta coluna. Evitando voltar às velhas discussões sobre o assunto, repito apenas a minha opinião.
Em “Quem lê, sabe”, não deveríamos usar a vírgula, pois separa o sujeito do predicado: “Quem lê sabe”; “Quem bebe Grapete repete”.
Em “Vota Brasil”, falta a vírgula. O termo “Brasil” não é o sujeito da oração. É vocativo. A forma verbal (= vota) está no imperativo. Deveríamos escrever: “Vota, Brasil”.
2) CRASE IMPOSSÍVEL
Leitor quer saber a minha opinião a respeito do excessivo uso do acento da crase numa única página da internet: “…ainda à partir da segunda metade (…) só tende à esquentar (…) surpreendeu à todos (…) rodando à 1,5GHz (…) melhora o suporte à CD (…) suporte à HTLM moderno (…) rodando à 433MHz e 466MHz…”
O nosso leitor tem inteira razão. O autor da página não acertou uma sequer. Em todos os casos não ocorre a crase porque não há artigo definido. Temos apenas a preposição “a”.
Não esqueça que é impossível haver crase:
1o) antes de verbo: “a partir da segunda metade”, “tende a esquentar”;
2o) antes de palavras masculinas: “surpreendeu a todos”, “suporte a HTLM moderno”.
3) MEGA SENA ou MEGA-SENA ou MEGASSENA?
Carta de leitor: “Insisto com o problema do mega: mega-sena, mega sena, megasena ou megassena? Há meses aguardo uma explicação e já estou desconfiado de que não tenho resposta justamente por causa da insistência. Puxa, lá vem de novo aquele cara chato com a questão da megassena. Tudo indica que esta seja a forma correta, mas a dúvida permanece.”
Só vou responder devido à sua insistência, pois considero essa discussão um caso perdido.
O elemento “mega”, segundo o novo acordo ortográfico, só deve ser usado com hífen se a palavra seguinte começar por H ou vogal igual à última do prefixo: mega-avaliação, mega-hospital…
Nos demais casos, é sempre usado sem hífen, “tudo junto” como se diz popularmente: megacéfalo, megaevolução, megafone, megassismo, megawatt, megaevento, megaempresário…
Assim sendo, deveríamos escrever “megassena”. Por ser uma marca, torna-se um caso perdido, ou seja, não tem volta.
Outro problema é a necessidade do “ss” para manter o som do “esse”. Há muito tempo aprendemos que um “s” entre vogais representa o som do “zê”.
Se isso fosse respeitado, escreveríamos “telessena”, “aerossol”, “Mercossul”…
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Crase antes de palavras masculinas - Saiba quando podemos usar - Concordância - Crase - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
Saiba quando podemos usar crase antes de palavras masculinas
Publicamos outro dia nesta coluna: “Não há crase antes de palavra masculina”. Entre os comentários recebidos estava uma crítica de um leitor. Veja: “Acredito que há exceção a esta regra, tanto no que se refere a expressões que denotam modo/moda (Filé à Osvaldo Aranha) quanto no uso do pronome demonstrativo “aquele” com verbo que peçam a preposição “a” (Dedicou-se àquele amor por toda a vida).”
Os exemplos analisados pelo leitor estão corretíssimos. Devemos usar o acento da crase nos dois casos.
Quando dizemos que não há crase antes de palavras masculinas, estamos fazendo referência ao caso mais frequente da crase (preposição “a” + artigo definido feminino “a”). Antes de palavra masculina, é impossível haver o artigo definido feminino: “Andar a pé”; “Vender a prazo”; “Falar a respeito disso”.
Não devemos confundir uma “dica” com regras. Os dois exemplos citados pelo leitor não são exceções. São apenas casos diferentes.
PERCENTAGEM ou PONTO PERCENTUAL?
Leitor quer saber: “Qual é o significado de 2 pontos percentuais? Não seria simplesmente 2%?”
Percentagem e ponto percentual não são sinônimos. Não tenho culpa. É a “matemática” da vida.
Vou responder com um exemplo bem simples. Vamos imaginar que a inflação subiu de 2% para 4%. Isso significa que a inflação subiu 100% ou 2 pontos percentuais.
Vejamos outro caso. A inflação subiu de 2% para 3%. Agora o aumento foi de 50% ou de 1 ponto percentual.
0,5 PONTO ou PONTOS?
Leitor quer saber se a concordância se faz no singular ou no plural.
Vou responder com uma pergunta: como você diria se fosse 1,5? A maioria diria “um ponto vírgula cinco” ou “um ponto e meio”. Para 2,5, diríamos “dois pontos vírgula cinco” ou “dois pontos e meio”. Parece claro que o ponto se refere ao número que vem antes da vírgula. Assim sendo, eu diria “zero ponto vírgula cinco” ou simplesmente “meio ponto”. Prefiro, portanto, 0,5 ponto.
E AGORA, DICAS DE… INGLÊS!
Na última coluna, falamos a respeito de erros gramaticais em mensagens publicitárias.
Quero voltar ao assunto, mas com outro enfoque. Vamos analisar alguns textos usados em algumas propagandas antigas de cursos de língua estrangeira:
1a) Um pirata, para aprender inglês, repete o famoso “the book is on the table”, obedecendo às ordens do papagaio que insiste com o seu chatíssimo “repeat”. Meia hora depois, o timoneiro conclui: “É preciso mudar o curso”.
Nesse exemplo, o interessante é observar a ambiguidade intencionalmente criada pelo uso da palavra “curso”, que apresenta duas claras interpretações: “mudar o curso a ser seguido pelo barco pirata” e “mudar o curso de inglês”, ou seja, buscar um outro curso que ofereça novos métodos de ensino de língua estrangeira. Sem as repetições impostas pelo papagaio pirata.
2a) Um personagem, que teria sido devorado por canibais numa propaganda do mesmo curso de inglês no ano anterior, reaparece num deserto e encontra uma lâmpada. Dentro está uma “gênia” do tipo Feiticeira que só fala inglês. O nosso personagem, que já morrera no ano anterior por não saber falar inglês, fica novamente em apuros. Louco para libertar a sua Joana Prado, pergunta como “open” a garrafinha. E ela ensina: “push, push”. O nosso herói não hesita, e puxa. Os dois terminam juntos dentro da garrafa. Não entendi a cara de desespero do herói. Afinal, juntos dentro da garrafa, ele terá a eternidade para aprender a falar inglês.
Não sei se é verdade, mas ouvi história semelhante numa grande empresa onde há muito tempo dou meus cursos de “redação, atualização e reciclagem”. Dizem que um “grandão” de três metros de altura por dois de “largura”, candidato a uma vaga de segurança, foi até a empresa para a entrevista de seleção. Lá as portas são de vidro, e está escrito com letras garrafais para ninguém se enganar: “PUSH”. O grandalhão puxou uma, puxou duas e na terceira vez usou o que tem de melhor: a sua força. Ficou com a maçaneta na mão. Você pode imaginar como ficou o vidro da porta. Triste mesmo foi ver aquele homenzarrão chorando porque fatalmente perderia o emprego.
Tanto essa historinha quanto a propaganda mostram a necessidade de se conhecer a língua inglesa. E como é perigoso usar palavras cujos sons são semelhantes, mas com sentidos bem diferentes: “push” parece “puxe”, mas significa “empurre”.
Quanto à propaganda, tudo bem. Afinal, o curso de inglês tem de convencer os seus clientes de que precisam conhecer bem a língua inglesa.
Por outro lado, a empresa brasileira que escreve “push” nas suas portas de vidro merece mesmo é vê-las quebradas. Demitido deveria ser quem mandou escrever tamanha besteira. Digo e repito: usar termos ingleses desnecessários é macaquice.
3a) Outro curso de inglês, para valorizar o seu produto, afirma: “No atual mercado de trabalho, para quem não souber inglês, só vai sobrar o de mímico”.
Eu só quero saber o que vai sobrar para quem não souber nem o português.
Um aviso aos estudantes. Todos sabem que inglês e informática se tornaram exigências básicas para qualquer profissão. Devido às minhas andanças por este vasto país, por ter dado cursos e palestras em mais de 100 empresas, por ter ouvido muitos dirigentes e responsáveis pelo setor de Recursos Humanos, hoje eu tenho mais uma certeza. Anotem outras duas exigências: português e matemática financeira.
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sexta-feira, 26 de abril de 2013
Crase - A polêmica CRASE - Uso da Crase - quando há (ou não) crase - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
A polêmica CRASE
A crase é sempre um caso sério.
“Com dúvida a respeito da ocorrência de crase na expressão ‘Programa de Ensino à Distância’ e ‘Universidade Aberta e de Ensino à Distância’, andei pesquisando no Dicionário e na Gramática Aurélio (ambos eletrônicos) e consegui os dados abaixo:
*Dicionário Aurélio Eletrônico
Verbete: distância
Um tanto longe: Ouvimos vagos rumores a distância.
Sem familiaridade: Sua casmurrice mantinha todos a distância. [Também se usa à distância (com acento no a): Parede acima vais (a lagartixa). E eu, à distância, / Olho as tuas pesquisas apressadas (Fernando de Mendonça, 13 Decassílabos, p.8).]
*Gramática Eletrônica Aurélio
Casos particulares
Dá-se a CRASE:
a) com a palavra CASA quando indicar estabelecimento comercial ou estiver seguida de adjunto: Foi um golpe esta carta; não obstante, apenas fechou à noite, corri à casa de Virgília. (M. de Assis)
Observação: Entretanto não há crase com a palavra CASA no sentido de residência, lar: Chegamos a casa eu e ela perto das nove horas da noite. (M. de Assis)
b) com a palavra TERRA seguida de uma especificação qualquer:
Tanto eu quanto minha mulher já estávamos ajustados à terra e à gente de Portugal. (J. Montello)
Observação: Mas não se usa a crase antes da palavra TERRA em oposição a mar: À noite já está embarcado, e nem desce a terra para esperar a maré. (O. Costa Filho)
c) com a palavra DISTÂNCIA quando significar na distância: Não ameis à distância. (R. Braga)”
A nossa leitora tem razão. O uso do acento da crase, para nós brasileiros, é uma grande dor de cabeça.
Primeiro, é necessário entendermos que crase é a fusão de duas vogais iguais: preposição “a” + outro “a” (artigo definido feminino ou pronome demonstrativo ou vogal inicial dos pronomes AQUELE (S), AQUELA (S), AQUILO). Isso significa que temos de saber a regência dos verbos e dos nomes (= saber se pedem ou não a preposição “a”) e reconhecer a presença do segundo “a”: “Vou a (preposição) + a (artigo) praia = Vou à praia”; “Sua camisa é igual a (preposição) + a (pronome = a camisa) do meu pai = Sua camisa é igual à do meu pai”; “Chegou a (preposição) + aquele lugarejo = Chegou àquele lugarejo”.
Depois surgem os casos particulares:
a) Você vai a qualquer CASA com o acento da crase, menos se for a sua própria casa: “Vou… à casa dos meus avós, à casa do vizinho, à casa de Cabo Frio, à casa José Silva, à casa dela.”
Mas: “Ele retornou a casa só lá pelas onze horas”.
A explicação é a seguinte: não há artigo definido antes da palavra CASA, quando se refere a sua própria casa: “Fiquei EM casa”, “Venho DE casa”.
b) Você vai a qualquer TERRA com acento da crase, menos se for “terra firme”: “Vou…à terra dos seus ancestrais, à terra natal, à terra da minha avó.”
Mas: “O marinheiro pediu autorização para descer a terra.”
A explicação é a mesma. Não há artigo definido antes da palavra TERRA, quando significa terra firme: “Ficamos EM terra”, “Consulte o nosso pessoal DE terra”.
c) Com a palavra DISTÂNCIA, existe uma grande polêmica:
1o) Ocorre a crase sempre que a DISTÂNCIA estiver determinada: “Ficou à distância de cinco metros”;
2o) Se a DISTÂNCIA não estiver determinada, existem duas versões:
a) Sem crase porque não haveria artigo definido: “Ficamos a distância”; “Ensino a distância”; ou
b) Com crase por tratar-se de um adjunto adverbial (com palavra feminina): “Ficar à distância”, “Sentar-se à mesa”; “Bater à porta”; “Sair à noite”; “Chegar às 10h”; “Vender à vista”; “Viver à toa”; “Falar às claras”…
Agora, você decide.
Quanto aos casos das palavras CASA e TERRA, não há discussão.
Quanto à polêmica da palavra DISTÂNCIA, por uma questão de padronização, adotamos o uso da crase em todas as situações, ou seja, “ficamos à distância de dez metros” e “ensino à distância”.
Nada definitivo, é claro.
HÁ CERCA DE ou ACERCA DE ou A CERCA DE?
a) HÁ CERCA DE
= “existem perto de”:
“Há cerca de trinta alunos em sala.”
= “faz perto de” (tempo decorrido):
“Não nos vemos há cerca de trinta dias.”
b) ACERCA DE (= a respeito de, sobre)
“Falávamos acerca do jogo de ontem.”
c) A CERCA DE
= referência a tempo futuro:
“Só nos veremos daqui a cerca de trinta dias.”
= referência a distância:
“Estamos a cerca de trinta quilômetros do tal lugarejo.”
= substantivo:
“Cortaram a cerca de arame farpado.”
Crase - Com ou sem crase - VALE A PENA ou À PENA? - Matéria Português - Dicas de Português - Língua Portuguesa
VALE A PENA ou À PENA?
Não há crase. O verbo VALER não pede preposição.
Se “vale o sacrifício”, é porque “VALE A PENA” (sem crase).
Sal A GOSTO ou À GOSTO?
Crítica do leitor: “Em Chef de Botequim, temos ‘1 colher de sal a gosto’. Falta crase? Se definiu ‘1 colher’, pode-se utilizar ‘a gosto’?”
O nosso leitor tem razão em parte.
1o) Há uma incoerência: ou pomos “1 colher de sal” ou pomos “sal a gosto”.
2o) Quanto à ausência do acento da crase, não há erro. Realmente não há crase. A explicação é simples: GOSTO é uma palavra masculina.
Consequentemente não pode haver artigo definido feminino “a”. Temos apenas a preposição.
VAI VIR ou VAI VIM?
Leitor, pelo correio eletrônico, cobra um comentário meu sobre o que ele chama “vírus linguístico”: o mau uso da forma verbal “VIM”.
Primeiro, é importante lembrar que a forma verbal VIM existe. O problema é saber quando usar. VIM é a 1ª pessoa do singular, do pretérito perfeito do indicativo, do verbo VIR: “Eu sempre VIM a esta casa com grande prazer”.
O que o nosso leitor chama de “vírus” é o uso da forma VIM em lugar do infinitivo VIR: “Ele não vai vim” (= VAI VIR); “Vocês não vão vim?” (= VÃO VIR); “Você pode vim sempre que quiser” (o certo é PODE VIR).
Em vez de “vai vir” e “vão vir”, prefira ELE VIRÁ e ELES VIRÃO.
Um ou dois VAI ou VÃO?
Leitor quer saber: “Ao usar UM OU DOIS, o verbo vai para o singular ou para o plural? Por exemplo, um ou dois problemas precisa (ou precisam) ser solucionado (ou solucionados)?”
Quando usamos a conjunção OU, com valor de “exclusão” ou de “dúvida”, o verbo deve concordar com o que está mais próximo:
“Ou eu ou você TERÁ de viajar a Brasília para resolver o problema.”
“Ou você ou eu TEREI de viajar…”
“Ladrão ou ladrões INVADIRAM a mansão do Morumbi”.
Portanto, a resposta é: “Um ou dois problemas PRECISAM ser SOLUCIONADOS”.
DIZ ou DIZEM?
Crítica do leitor desta coluna: “Vejamos o que diz os dicionários Caldas Aulete e Michaelis…”
Não tem perdão. O leitor tem razão. O sujeito está no plural: “Vejamos o que DIZEM os dicionários…”
HAJA ou HAJAM?
Leitora pergunta:: “Na frase ‘Na partida em que HAJAM jogadores convocados…’, o verbo HAVER é auxiliar para a formação da voz passiva (hajam sido/tenham sido) ou tem o sentido de ‘existir’, sendo, portanto, impessoal?”
A princípio, podemos interpretar a frase de duas maneiras:
1a) HAVER tem o sentido de “existir”. É verbo impessoal (=sem sujeito). Isso significa que só pode ser usado no SINGULAR: “Na partida em que HAJA (=existam) jogadores convocados…”
2a) É possível interpretarmos a frase na voz passiva (=com o verbo SER subentendido). Nesse caso, o termo JOGADORES seria o sujeito. O verbo HAVER seria auxiliar e deveria concordar no plural: “Na partida em que os jogadores HAJAM SIDO CONVOCADOS…”
Para saber qual das duas interpretações é a correta, é necessário conhecer o restante da frase.
O mais provável é a primeira interpretação: “…hajam jogadores convocados”.
Qual é a forma correta?
a) Catalizador ou catalisador ?
b) Megaestrela ou mega-estrela ?
c) Chegou em Cuba ou a Cuba ?
d) Mau-humorado ou mal-humorado ?
e) Isto não aconteceu por que ou porque os africanos não puderam viajar ?
Respostas:
(a) catalisador;
(b) megaestrela;
(c) chegou a Cuba;
(d) mal-humorado;
(e) porque.
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